terça-feira, 6 de maio de 2014

Distância


  Os meus olhos aprenderão ver ao longe
o vulto singelo de seu caminhar,
e de longe aprenderão a ouvir as vozes que virão como ventos que do norte vem e sopram ao sul.
Os meus pés pressentirão as gotas de chuva,
que viajam milhares de kilometros antes de tocar o chão.
 O tremor será mais que pressagio para quando se aproximar a hora
o meu corpo se arrepiará como se nele  pássaros atravessassem em revoada os continentes 
e o azul dos rios que correm do cume a praia em fogo e força se converterá,
queimará minha alma e em flama deixará meu coração
quando a mão dos homens cavar a terra fértil e plantar o grão
a morte e o deserto da solidão se esvairão de mim,
como em mútua possessão um oásis iremos nos tornar
o maná trará vida a solo
destruirá a distância
e e fará brotar o amor.
Porém...
O romper da aurora
por essa noite,
anunciará a ceifa...
 Noite após noite
a maldita distância vem te levar...
e tereis de ver a terra se deixar colher.
ao remoto de ti...
 Aprenderei observar que das profundezas do oceano as vem as pérolas do colares,
a graça pelos olhares, antes de escancarar o sorrisos.
E o som passa pelo ar antes de tocar o ouvidos.
Aprenderei coisas que alguns sabem
e saberei de coisas que ninguém  mais poderá saber.
Apartado daquilo que me mantém vivo,
aprenderei a compreender
que se a morte atravessa a vida,
 a seiva o caule,
os rios as terras,
os brotos as cascas...
E se a maldita distância se fazer insistir e persistir em existir                
e se por hora não posso te trancar dentro de mim,
me resta agarrar-me a saudade e a vontade, mantendo a esperança e tentando aprender a aprender, a viver nos vácuos dos intervalos, que sou obrigado a suportar sem te ter aqui...




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