terça-feira, 16 de outubro de 2012

Medos e muros

As ordens, desencontram-se.
as folhas caíram...
e os sentimentos que já foram verdades absolutas
não se entendem mais.
hoje...
as frutas apodrecem ao pé
as crianças não sobem nas árvores
por uns
os sonhos são abandonados...
e preferimos fazer muros a ter esperança.
Mas...
não é de sangue que se fazem os heróis?
aqueles que não temem mais?
não são de pedra as paredes dos castelos?
ou de blocos compressos de corações duros
de que se fazem as muralhas?
de quem elas nos protegem? ou nos separam?
de que somos feitos? a quem separamos? a quem buscamos proteger?
nossos muros, segregam ou salvam?
nossos exércitos, marcham ou matam?
nossas armas, defendem ou destroem?
nossos grilhões... ainda temos grilhões?!

Devemos viver condenados em fortalezas construídas com suor e sangue
muros altos, arames farpados, pedras frias...
porque?
se os lírios crescem nos campos livres?

pra de longe, prisioneiros de nós apassivarmos a existência em torres altas?

não!
não queremos viver assim
não é assim que deseja O Senhor...

sabemos
que todos rirão quando um acreditar que podes sair
eles sabem quanto isso fere!

temos medo?
não precisamos carregar isso.
Acreditar não é escolha!
é puro dom perceber
que a escuridão da noite é amedrontadora e apenas passageira...
a fé pode salvar dos calabouços
dê a mão, acredite
e pela manha sairá livre aos campos
longe dos muros,distante de tudo
desarmado, descoberto, desnudado
sacudindo os braços, sacudindo a terra
apenas feliz, apenas longe dos muros...
por ser manhã, e não ter guerra
não ter mais muros, nem mais medo.